domingo, 29 de novembro de 2015

Anemic morals

Don't drive me home, 
drive me wild.

I wanna kiss the lead singer
under beneath the stars
Cause
I've got the youth
wishes 
and issues

And I ain't searching 
For treasure 
or fashion

Oh, honey
Stop covering your eyes.
It can't be a free country 
if you all live as slaves
And find it cool.

I don't wanna be sober
In a world where they treat
Atomic bombs like fireworks
If it's not in their homes.

Nothing's worth it
if there's no growth 
And nothing's worse
than growing old
but not growing up

I like the world
when everything's spinning 
I like nice words
but only when there's real meaning

sábado, 21 de novembro de 2015

Sentença da descrença

Quando a noite já é quase manhã e a melancolia me impede de estar sã, o acaso me diz que é hora de voltar pra casa.
Cambaleio pela Praça da República. São prédios imensos em ruas inúmeras. Eu, pequena e falha, sinto-me sufocada. Há sempre homens de negócios em ternos eternos e mendigos jogados em busca de um trago.
Queria fazer mais que existir, ir além do último trem. Falta-me utopia, faltam-me ideais e assim eu não sou ninguém. 
Bêbada mas nunca em paz. Outra noite, outro rapaz... beijos de quem também não é inteiro, nada de mais.
"Posso te levar pra casa?" 
"Não, obrigada."
Depois nunca mais. Tanto faz.
Na porta de casa sei que não há lar.
Tiro os sapatos, encaro os retratos e torço pra dormir de uma vez.
Na manhã seguinte sei que virão mais escadas, mais estradas e ainda assim não chegarei a lugar algum.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se a idade for cidade

Três da tarde: tempestade.
O céu escuro, as calçadas escorrendo, guarda-chuvas abertos, pessoas correndo.
Chuva pra paulista virou sinônimo de alegria, mas as senhorinhas, amontoadas nas janelas, reclamavam dela só pra ter o que falar. Depois voltavam aos tititis de todo dia: o decote da vizinha, o namorado da empregada, o filho gay da enteada. Que pecado! 
No carro, parado no trânsito, o executivo estava impaciente. Discutia ao celular e gritava sem parar "Você sabe quem eu sou?!?!" Parecia dizer "você sabe quem eu sol? O mundo gira ao meu redor!". O farol abriu, ele acelerou. A pressa imperava, o apreço implorava, mas ele parecia nunca chegar a lugar algum, sempre faltava. Fechou o ciclista que dobrava a esquina e seguiu em frente sem saber que andava em círculos.
No balcão da loja, uma menina envelhecida pelo desânimo. Olhava a todos com o desinteresse típico de alguém que odeia o próprio emprego. Não fazia a menor questão de ser cortês, mas não tratava mal. Tanto faz e coisa e tal.
Havia um nome em seu crachá, mas ela não tinha a menor identidade. Estava acostumada a não ter voz.
Na porta da faculdade, o calouro reclamava do calor, da falta de tempo e do prefeito. No caminho havia passado por um mendigo, mas aos seus olhos aquilo era uma barata. "Tão repugnante quanto", praguejava. 
Indo pra aula, cruzou com a mulata do curso de exatas. Não perdeu a chance de lançar-lhe uma cantada que mais parecia uma ameaça. Ela ignorou. "Ingrata! Mal comida!".
O rapaz havia frequentado durante a vida toda os melhores colégios da cidade, que garantiam educação de qualidade. Falharam, apesar do ingresso à faculdade.
Num parquinho ali perto, as crianças brincavam na chuva. Riam alto, sem se preocupar com resfriados. Faziam do quintal um mundo, cujas cores e formas eram escolhidas por elas. Escolhiam brincar lá fora em vez da solidão de dentro, com tanta mãe da rua, pique esconde e polícia e ladrão, para isso não havia tempo.
Já na estante, estão os reis, gênios e heróis, empoeirados e incontestáveis. Às vezes acho que essa é a única razão pela qual são invencíveis e não consigo entender porque toda obra prima se faz filha única no que há de ruim: seu ego é cego, do tipo de egocentrismo se espalha pelas zonas norte, sul, leste, oeste e chega até o ABC. Puta merda, é quase uma megalópole.
Eu procuro entender porque tentam a todo tempo nos dividir entre ordinários e especiais quando somos sempre os dois.