terça-feira, 20 de outubro de 2015

Copo d'água em tempestade

Te guardei num acorde de violão desafinado e saí dançando pela rua, cambaleando em fim de festa, bem acomodada nas trocas de olhares de flash em flash.
Gostei da sensação de oásis, de ser feito miragem. A música boa que toca no rádio e a gente nunca descobre o nome. 
Te pintei efêmero, mas, na segunda feira, às seis da manhã do horário de verão, deixei a preguiça de lado e fui ver o sol nascer, deslumbrada e desvairada.
Fiz, sim, a matemática da vida real e ouvi as lições de moral que a hierarquia me obriga aceitar. 
Não estava nas nuvens, mas estar na Terra tinha de ser suficiente. Carreguei o peso que me colocam nas costas todos os dias: o fardo de ter que saber o que eu vou ser quando ainda não faço a menor ideia de quem sou eu e o fato de não saber lidar com as ideias conflitando com o mundo lá fora.
Mas, da forma estranha de quem não sabe pra onde ir, segui em frente. Sem nada a ver com coragem ou força de vontade, apenas o desespero para fugir do que é estático. A aversão aos mesmos caminhos, hábitos, maneiras e temperos.
Eram colapsos e mais colapsos, mas eu ainda cantarolava. E tinha um quê de você na melodia, escondido no cinza do dia-a-dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário