quarta-feira, 2 de abril de 2014

Alexandre

Alexandre era um rapaz bonito.
Silenciado como as lágrimas de uma amante, ele tinha como consolo os meios sorrisos e as palavras ásperas.
Era muito cheio de si, é verdade. Talvez lhe faltasse aquele espaço que só existe em abraços apertados, mas ele insistia em dizer que não fazia diferença.
Ainda assim, Alexandre olhava para o mundo com extrema curiosidade, implorando para ser surpreendido. Seria triste demais acreditar que tudo fosse realmente fosco.
Alexandre, na verdade, não sabia em que acreditava. Cansou de pedir aos deuses, todos aqueles milhares de deuses, por alguma lógica, algum sentido ou qualquer coisa que pudesse ser sentida.
Ele tinha hábitos tão estranhos quanto seus pensamentos. Passava horas com a cabeça encostada na janela vendo os carros se transformarem em borrões e gostava de fingir que a fumaça de seu cigarro era uma parte dele que resolveu ir ao encontro do tão esfomeado mundo lá fora.
Ah, Alexandre! Tinha tanto medo de ser igual à todas aquelas pessoas vazias e apressadas que se esbarram na rua sem pedir desculpas, que acabou se isolando tanto quanto elas.
Ah, Alexandre! Só queríamos te trazer para onde o amor transborda e a sua voz ecoa até virar canção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário