sábado, 19 de julho de 2014

Previsões de um infeliz

"Você vai morrer como Anna Karenina." Ele me disse, sem fazer o menor esforço para evitar que o veneno pingasse no chão recém-limpo.
Sabe, eu vou mesmo morrer. Mas morro com meu nome, sobrenome e hábitos ruins. Histérica e solitária, é verdade, mas ainda a personagem principal de tudo aquilo que você gostaria de ter vivido.
Autodestrutiva, mas não insana. Bem que eu gostaria. Não fui capaz de desistir da realidade.
Cheia de crenças, quem diria! Acreditei em lugar melhor, perdão e na mudança. Acreditei em amores que jamais chegaram ao meu íntimo e em palavras que não fizeram a metamorfose da ação. Acreditei até não saber a diferença entre crer e criar.
Nos trilhos do trem ou nos livros de História, espero que ainda viva na memória. Ou que descanse em paz, finalmente!
É que se acaba sem salva de palmas e botão de rosa, a gente tem medo de ir embora.
Se não tiver bar, cerveja e prosa, perde a graça e a noite não passa loguinho.
Mas, principalmente, se não tiver quem segure as mãos geladas e se espante com as cicatrizes que eu tentei esconder, não tem porque(m) temer.
Caminharei, então, na direção do destino, que não me aguarda porque sabe que me tem. Em fila indiana, porque não sou a única a fazer essa opção.
Nunca houve outra.
Histérica. Solitária. Porém certa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário