quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Flicts não quer saber de poesia

Eu percebi que escondo o rosto pra chorar mesmo quando não tem ninguém em volta.
Então eu me dei conta do tanto de cousa podre que tem aqui dentro. De como, apesar do blá, blá, blá e os ideais nem sempre praticados, eu ainda sou quase que inteiramente fútil.
Eu fico feliz que as pessoas gostem do que eu escrevo e se choquem ao me ler. É: me ler. Porque eu tô toda ali a todo instante, mas ninguém entende sem as legendas.
Eu gosto dos elogios e em muito me envergonha dizer isso, mas, sim, espero por eles. Quero que venham, por isso abro as portas, as janelas, os ouvidos e o coração. Não que nisso caibam os pecados todos, mas tenho medo de que ofusque a essência, o porquê de ter começado a rimar e prosear: o medo de explodir. Eu mesma nessa eterna limpeza da alma.
Apesar de todos os problemas, desgraças e a má sorte rolando por aí, tem sempre um lado bom. Ou eu sou mesmo abençoada e vivo num meio de gente de muito bem.
As pessoas dizem cousas bonitas, sabe? Assusta bastante.
Eu queria ser a coragem e audácia que eles dizem ver em mim.
Eu queria entender a alegria que as pessoas associam ao meu eu.
A verdade é que eu sou só alguém muito estabanada tentando a todo tempo não desmoronar.
E o tom do melancolia não é pra deixar mais interessante não, viu?
Quando eu não me deixo levar pela minha tendência imbecil de checar a merda do meu smartphone a cada dois milésimos, gosto muito de olhar pro céu. Principalmente durante a noite. E quando eu vejo uma estrela cadente, faço o primeiro pedido que vier à cabeça e passo uns dois minutos achando aquilo tudo muito mágico. Depois, me pergunto se ela vai cair na Terra e matar todo mundo. Ou então fazer algum estrago muito bizarro na Rússia que o Jornal nacional não vai noticiar simplesmente porque é mais importante falar da vinda da Jennifer Lopez ao Brasil.
Voltando ao céu: de vez em quando, tentando ver as constelações e ainda achando fantástico o fato de que mesmo de tão longe ainda consigo ver Marte avermelhado, eu me sinto um peixinho num aquário e fico esperando que algum portal seja miraculosamente aberto e eu seja abduzida.
Acho que isso é um jeito de tentar fugir sem resolver os problemas de fato. Minha mãe sempre diz que eu jogo a bagunça pra debaixo da cama pra que os outros pensem que ela não está lá, mas a minha cabeça continua caótica. Eu discordo muito da minha mãe (é uma das minhas funções!), mas ela está certa.
Não que eu não ame esse planeta. Eu sou apaixonada pelo oceano, acho que o Himalaia é mais fantástico que o Olimpo e a terra do nunca (escalar o K2 é um sonho e a esperança de um dia ir prum lugar muito melhor que o céu), me perco olhando pras nuvens, me encanta o relevo, a hidrografia e todas as outras cousas que chamadas por nomes assim parecem menos interessantes.
Indo além, eu gosto de gente. Gosto do urbano. Gosto do caos, do falho, do humano. Eu gosto de ter tanta gente pra falar, tantas etnias, tantos sotaques, tantas línguas, tantas opiniões com as quais eu não concordo... Eu gosto de falar de política! Eu gosto de expor minhas verdades, eu gosto de argumentar e abrir o leque de versões. Eu gosto até de descobrir que estou errada.
Eu quero estar próxima das pessoas porque, embora possam ser cruéis, como eu sou em inúmeras situações sem nem perceber, elas são universos inteiros.
E eu querer entender os outros e adentrar, mesmo que por poucos instantes, o amontoado de galáxias de cada um, enquanto fujo das minhas próprias, só vai atrapalhar a todo mundo sem que ao menos saibam o que de passa.
Eu peço desculpas.
Eu não vou falar dos meus sentimentos e das partes obscuras do meu, não tão poético, eu, porque tenho medo disso tudo.
É a minha lua em virgem e será minha ruína.

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