segunda-feira, 6 de julho de 2015

Entre a memória e a vitória

Tenho andado um tanto nostálgica.
Sinto falta de programas de TV que não existem mais e da vida como costumava ser. 
De repente parar pra prestar atenção em como os anos têm passado rápido é assustador: o que parecia ontem está em dois mil e três, as memórias se confundem, os rostos e nomes são esquecidos, alguns já nem mesmo têm importância, e eu sou um outro alguém.
Não sou em nada parecida com o que sonhei para mim e o mundo se desenha, cada vez mais, como um enorme mistério. Ou será que sou eu quem só se vê em pontos de interrogação? Tinha inúmeras certezas e tudo parecia mais simples, concreto. Dominar o mundo era trivial e a baixa estatura não me impedia de alcançar qualquer cousa com as pontas dos dedos. 
O que era semente já criou raízes profundas, mas ainda busca o céu, descontrolada e incessantemente.
Sinto muita saudade e muita vergonha também.
Tantos erros cometidos... muito do que julgava importante é agora inútil, ou mesmo fútil. 
Os pensamentos de outrora já não me cabem, como muitas das roupas antigas.
Mas foi só quando alguém perguntou "Cade a menina que estava aqui?" que entendi.
Senti compaixão pela menina que fui, pela menina que ainda sou, por saber que, como a água, me mantive fluída e disse não a qualquer espécie de forma definida. Os caminhos são muitos e as chances de (re)conhecê-los são incontáveis. Menina que flui.
Eu só tenho dezessete, a Via Láctea tem treze bilhões. Acho que posso me perdoar. Acho que posso me amar. Acho que posso me reinventar e acho que olhar pra trás não precisa ser melancólico, pode ser só aprendizado, pode ser o que ficou no íntimo, no coração.
Há tempos tento salvar pessoas de seus demônios enquanto deixo os meus próprios de molho.
Ainda que eu tenha a vida inteira, quero encará-los agora, como me encaro no espelho todas as manhãs (olheiras, incertezas e imperfeições, mas ainda de pé).
Eu tenho dezessete e muito está por vir, a própria Terra não teve a Lua de imediato e Mick Jagger não era o líder dos Stones desde o começo, mas é estranho, porque agora posso me lembrar de dez anos atrás. Antes isso era quase todo o meu tempo de vida. Ainda é, né?
Eu não sei.
E isso é bom.

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