Se eu fosse fumante seria uma ótima hora prum cigarro, mas não. Em vez de foder meus pulmões, decidi foder meu psicológico.
O fato é que eu sou racional e sensível demais. Os dois ao mesmo tempo, um contradizendo e tentando sufocar o outro.
Me magoo com bobagens, com falta de tato ou pura infantilidade, mas por saber que não faz sentido e saber como resolver tudo de maneira lógica, calo a vontade de chorar me repreendendo mentalmente.
Calar, entretanto, não impede a dor de estar lá. Isso vai se acumulando de maneira impossível de controlar.
Chega uma hora em que perco a pose e as estribeiras: transbordo.
Numa enchente violenta, tiro as pessoas de casa e viro o mundo de cabeça pra baixo. Inundo tudo. Explico e repito: nada nunca faz sentido.
Depois passa, me recolho. Com nojo e desconforto.
O que sobra é a carcaça, mas lavo as memórias e varro a calçada. Tudo em ordem pros que quiserem dar uma olhada.
Eu vou andando por aí, culpando a astrologia e o dia-a-dia e me aventurando em cada esquina. Lendo sem parar e cantando refrões como quem respira pela primeira vez. Tudo pra me transportar, tudo pra não transtornar, tudo pra me transformar.
Por entre paixões e chocolates quentes, enquadro a vida em cenas de cinema. A fotografia é bonita, os atores estranhos e o diretor é maluco. O enredo oscila: por horas é drama, de encher os olhos, depois é terror, no desespero e medo. Por fim se revela comédia. É preciso senso de humor pra chegar ao fim do dia.
Tudo é plausível, desde que não haja tédio. Na arte há possibilidade de a vida, pura e às vezes fria, ser feliz.
Abraça o caos e, sem mocinhos e vilões, está em casa.
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