quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sós

Mulher forte, que caminhava de cabeça erguida e com passo firme.
Mulher bonita, dona dos mistérios que acompanhavam suas curvas bruscas e consciente das rugas que desenhavam seu rosto. Eterna paixão pelo Sol.
Mulher cega, de voz alta e com sede de justiça.
Perdeu a oportunidade de ficar calada e teve de esconder o sorriso largo e encolher os ombros tantas vezes depois.
Mulher descrente, de joelhos apenas por estar acostumada ao desconforto.
Mulher que já não cora e desrespeita o invisível.
Mulher que chora, que desespera.
Mulher que tem conta pra pagar e medo do escuro da rua.
Mulher que adere ao desagradável, que deixa de ser companhia.
Mulher que sente falta do encanto e do acalento, das mãos que lhe deviam segurar.
Mulher no gelado do chão e de voz inaudível. De pernas quebradas, sem brilho no olhar.
Mulher que já não pergunta "por quê?"
Mulher que não é criança.
Pouco se sabe sobre o fim, mas existem aquelas que depositam toda a esperança nele.
Se o dia e a noite não souberam abraçá-las, talvez possa existir um lugar onde as paredes não prendam e não precisem proteger.