domingo, 7 de setembro de 2014

Aqui já

Quem quer ter uma morte gloriosa?
Quem quer o drama? A honra fajuta?
Quem quer virar herói? Quem quer virar santo? Mártir? Deus?
Quem acredita nessa transição invisível? Por quanto?
Dizem que é tudo em nome da memória, mas acho que todos têm Alzheimer.
Não só aumentam pontos: criam novos contos, inventam virtudes e invertem valores.
Eu vaiaria a vocês todos e vaiaria a mim também. Não se conserta o incorreto vestindo-o de inexistente. Quem consente com a mentira pede bis.
E o tempo é gasto com a saudade do que nunca houve de fato.
Ouçam, não há mal algum em relembrar bons momentos. O perigo mora no ato de tentar convencer os outros e a si de que a vida de um terceiro (talvez quarto, ou quinto, ou sexto) foi como uma aparição divina. Não ponhamos máscaras em quem teve a beleza de ser. Se continuarmos nessa direção, andaremos em círculos para sempre.
Devemos nos dar flores antes de nossos enterros e dizer palavras bonitas em dias além de aniversários.