segunda-feira, 21 de julho de 2014

By the eyes of the one who's got a ticket to ride

What is this honor that tears apart mothers and sons?
What's this honor that makes them die before they get to know their ideals?
I bet you always think about those long and lonely nights.
The other day I saw this homeless guy with a sign "Vietnam vet. It wasn't my idea". He seemed extremely disturbed. Two days later, on a boat for Staten Island, I saw a fat man speaking loudly and wearing a T-shirt "Proud Vietnam vet". In both cases, they survived. In both cases, I ask you, is this the glory you were seeking?
I come from a different culture, my morals are different and I may never understand, but it doesn't mean I won't try.
What is this love for guns? What is this fake freedom? Why are you saying that war is over?
It may be far from your eyes, but other people's sons are never going home again. It may be far from your ears, but that doesn't make the screaming stop.
I don't want to label anyone as the bad guy or the hero, because I just don't understand why are we pointing fingers when we should be holding hands.
America, or should I say, The United States is a free country, as long as you're not black or foreign.
I must remind you, guys, that most of the native american indians are dead and life began in Africa. We are all black foreigns.
I don't want to offend anyone (though maybe I should) because I came from a beautiful country with amazing people, but most of them is blind. And maybe I am too. Maybe so are you.
I can't say Brazilians are my people, because the human race is my people.

sábado, 19 de julho de 2014

Previsões de um infeliz

"Você vai morrer como Anna Karenina." Ele me disse, sem fazer o menor esforço para evitar que o veneno pingasse no chão recém-limpo.
Sabe, eu vou mesmo morrer. Mas morro com meu nome, sobrenome e hábitos ruins. Histérica e solitária, é verdade, mas ainda a personagem principal de tudo aquilo que você gostaria de ter vivido.
Autodestrutiva, mas não insana. Bem que eu gostaria. Não fui capaz de desistir da realidade.
Cheia de crenças, quem diria! Acreditei em lugar melhor, perdão e na mudança. Acreditei em amores que jamais chegaram ao meu íntimo e em palavras que não fizeram a metamorfose da ação. Acreditei até não saber a diferença entre crer e criar.
Nos trilhos do trem ou nos livros de História, espero que ainda viva na memória. Ou que descanse em paz, finalmente!
É que se acaba sem salva de palmas e botão de rosa, a gente tem medo de ir embora.
Se não tiver bar, cerveja e prosa, perde a graça e a noite não passa loguinho.
Mas, principalmente, se não tiver quem segure as mãos geladas e se espante com as cicatrizes que eu tentei esconder, não tem porque(m) temer.
Caminharei, então, na direção do destino, que não me aguarda porque sabe que me tem. Em fila indiana, porque não sou a única a fazer essa opção.
Nunca houve outra.
Histérica. Solitária. Porém certa.

terça-feira, 8 de julho de 2014

De cima do telhado

Há tantos quilômetros de distância entre nós que me irrita o fato de eles insistirem em transformá-los em milhas.
Alguém outro dia me parabenizou pela "minha" coragem e disse que é incrível o fato de eu voar tão alto com tão pouca idade.
Acho que todo mundo sabe do meu desejo por ser passarinho, mas, ora bolas, gosto muito do chão também. Gosto de pisar descalça, da lama entre os dedos, do barulho das pedras, da temperatura do mar.
Gosto da Terra com letra maiúscula e sem. Gosto do fato de sermos falhos e humanos. Gosto de estarmos destinados a cair sempre, mesmo que tentemos disfarçar o inevitável.
O vento no rosto é minha sensação favorita neste mundo, e não há melhor maneira de obtê-la senão estando em queda livre.
O nome já diz tudo, não? Livre como um passarinho, mesmo que na direção oposta.
Por que é que eu gosto de cidades grandes, com gente saindo pelo chão e se espremendo pra caber? Pessoas lutando por um lugar na fila do banco, no vagão do metrô, no camarote do show, na arquibancada do jogo e nas esquinas da vida...
Talvez seja pelo mesmo motivo pelo qual eu nunca calo a boca.
Eu tenho medo do meu silêncio, porque tenho medo do que ele me faria ouvir. Eu não caibo em mim e, embora já tenha culpado muito os Deuses que me fizeram assim tão deficiente de forma, hoje em dia, eu gosto. Gosto porque eu me esparramo pelo mundo. Se eu não tenho forma definida, posso ter todas as formas que quiser.
É como os brasileiros que acham que o que é público não é de ninguém, quando, na verdade, é de todo mundo. Ah, filhos da pátria, não se deixem transformar em filhos da puta.
Olha aí, agora mesmo tem um pôr do sol fazendo espetáculo na janela e é de graça até pra quem não tem um cartão de fidelidade ou uma janela. É de graça porque é uma graça divina (mesmo que eu ache essa palavra muito tia velha).
Olha aí, não é nada que eu não tenha visto antes, mas poder andar sem destino e simplesmente me doar às sensações, faz disto aqui um outro planeta, mesmo que no mesmo continente.
Como é que se exporta isso, hein? Porque eu me importo muito!
Quanto àquelas coisas que eu julgava inexistentes, sinto-me como uma desbravadora, mesmo que diante de olhos surpresos e risinhos. "Oh, you didn't know that?". Chiquinho e Katinha já diriam "tanto mar, tanto mar".

quarta-feira, 2 de julho de 2014

9753 m

Ei, mãe, agora é noite.
Estava lendo Bukowski, até perceber que ele me deixa pra baixo e indiferente. Então, peguei os guias de viagem e vasculhei outros lugares para visitar.
Saber que me perderei em cada cantinho do desconhecido me faz muito feliz.
Um americano que está sentado na poltrona de trás chutou o meu acento e murmurou mal humorado "turn the lights off". Babaca. Só apaguei as luzes porque meus olhos realmente estão se escondendo por trás das pálpebras.
Ainda assim, não consigo dormir. É muita coisa incrível pra imaginar e é uma dor imensa te deixar sozinha em um momento como esse.
Ri baixinho da brincadeira de pega pega que o sono faz comigo. Ele sempre fugindo e eu sempre guardando caixão. Acho que não sei brincar.
Agora todos dormem. Encosto a cabeça na janela geladinha e, meio sem querer, olho através dela.
As estrelas estão pertinho de mim, mãe. A princípio elas pareciam me convidar pra ser parte dessa galáxia em espiral, mas agora vejo que não preciso de convite. Já sou parte de tudo isso. Mesmo que eu seja ruim, mesmo que não tenha dentes bonitos, mesmo que não saiba cantar. Faço parte e sou poeira cósmica como elas são.
Estamos perto do Panamá e, de repente, me vejo chorando de emoção às três da manhã. Tento limpar as lágrimas com esse travesseirinho que deveria ser o berço dos meus sonhos, mas meus sonhos já não precisam de berço. Estão voando em direção ao novo. E se hoje podem voar, mãe, é porque você fez do teu peito um ninho.
Estou chorando e não sei porque. Estou chorando porque gostaria de ser mais gentil, menos temperamental e mais paciente. Estou chorando porque jamais poderei agradecer o suficiente e, mesmo assim, você não me cobra como poderia. Estou chorando porque sou tão cheia de erros e você me dá toda essa possibilidade de chegar ao maravilhoso. Estou chorando porque, apesar de tudo, não poderia estar mais feliz e isso tudo é toque de mágica seu.
Ah, o americano está reclamando porque acendi a luz pra escrever, mas dessa vez respondi "jo no hablo su lengua, ai caraca".