terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Medíocre, egoísta e seu

A verdade é que eu não sei mais o que quer dizer "verdade".
Que eu me perco por entre palavras fora e dentro de seu contexto.
E que toda vez em que eu abro as janelas, espero te ver passar com aquele seu guarda-chuva verde e um sorriso convidativo que costumava me deixar aliviado.
Não me esqueço daqueles dias incríveis e nem daquela vez em que você cruzou a esquina, me viu, se aproximou e lançou sobre mim terríveis e verídicas palavras que irão me perturbar para o resto da vida.
"Não espero algo grande de você. Seus gestos e atos escancaram a verdade: Você vai ser sempre um solitário. Você cria ilhas para si próprio na esperança de que alguém se convença a viver como você. Acreditar que o mundo é perigoso demais para novas aventuras e que os seus discursos medíocres são a palavra de Deus. Eu sou a nova vítima, não é mesmo? Te digo uma coisa: NÃO. Comigo não. Eu quero a liberdade e estou cansada de esperar por dias melhores. O melhor pode estar diante dos seus olhos desde que você nasceu e eu sinto muito se você tem a capacidade de ignorar isso".
Depois, você  se virou e foi embora por aquela avenida, de repente tão silenciosa. Eu podia te alcançar, mas de nada adiantaria. A chuva começou a cair e, de longe, pude ver um guarda-chuva verde se abrindo. Me lembro de continuar parado ali por horas, que pareceram intermináveis, e de que "Helter Skelter" dominou meus pensamentos e se tornou responsável por meus atos.
Quebrei os seus frascos de perfume que estavam na minha casa enquanto torcia para que você os pedisse de volta. Não aconteceu.
Queimei aquela gravata imbecil que você me deu para que eu parecesse um "cara de vinte e poucos responsável e de boa aparência". Responsável e de boa aparência é o caralho!
Eu nunca fui como você, alguém que vai em busca dos sonhos e corre atrás dessa ilusão chamada felicidade. Mas a maioria das pessoas também é como eu. Por que é que isso me tira o direito de viver em paz? De te ter aqui comigo?
Eu espero que você consiga voar para longe e se realizar. E que, quando chegar lá, lembre-se de mim. De que, ao menos,  fui um modelo do que você não queria ser.
Mas, se, por acaso, suas asas se quebrarem e nada der certo, saiba que aquele velho apartamento na Bela Cintra vai estar aberto para você e que poderemos tomar aquelas cervejas enquanto cantamos musicas do Joy Divison e Smiths, do jeitinho que era antes. Toda aquela mediocridade que eu adoro (e espero que você também).

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