quarta-feira, 9 de abril de 2014

Kátia

Ei, minha pequena, hoje é teu dia!
Ontem à noite eu passei horas olhando fotos antigas, de um jeito que não se deve fazer nunca.
Aquele jeito saudoso de quem se culpa todos os dias pelos erros, mas gostaria de voltar no tempo e fazer tudo exatamente igual.
Pois bem, durante a sessão nostálgica, uma foto, em especial, chamou minha atenção. Uma foto bem velha, desbotada. Quase sem cor. Era você, com quatro ou cinco anos, de sorrisão aberto. Ainda tinha dentes de leite e o cabelo era clarinho, clarinho... Estava na fazenda. Pensei que esse, talvez, fosse o motivo daquela alegria pueril e contagiante, mas logo vi que estava enganada.
Como toda criança, você queria era ser feliz. Pouco importava qual era a vista da janela, porque você sempre dava um jeito de ver tudo pelo lado bom, mesmo quando o galo cantava na terra da garoa e o céu estava escuro.
O tempo desbotou o verde da grama na fotografia, mas jamais me deixou esquecer o som da sua risada ou as fantasias que você habitava.
O tempo talvez tenha mostrado à você que eu não sou tão forte quanto parecia ser e não estava certa a respeito de tudo, como eu dizia estar, mas ele dançou comigo até quem você é hoje e isso fez valer todos aqueles pisões de pé.
Não gosto de te ver lamentar os defeitos e desafetos. A estrada é cheia de curvas, de nada vale querer evitar marcas. Como eu já disse, a gente se desenha.
Tenho orgulho de você e te amo para sempre. Feliz aniversário.

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