quinta-feira, 19 de março de 2015

Metafórico, não mórbido

Que é que eu, pequena e mãos trêmulas, tenho a dizer da morte?
Ela, que vem de repente ou se faz insistente, pode ser chamada de falta de sorte?
Quisera.
É o epílogo de todos os livros da biblioteca. Dos que encantaram a ponto de ser doloroso deixar aquele universo literário, aos que, como nos capítulos anteriores, ninguém se interessou em ler.
É a carta de despejo que não se quer receber. Ou quer, vai saber...
Tem morte no envelhecer do corpo, tem morte no abandono de ideais (mesmo os irreais nunca são irrelevantes), tem morte no medo do escuro, tem morte pra europeus e plebeus.
Tem eu.
Tem vida, muita. Tem gênero, classe, filo... tem filas! Filas de espera pra transplante de órgãos e fila de espera no drive thru do McDonalds.
Mas esperamos pela morte?
Lenine diz que a vida é tão rara e os jornais dizem que a vida é bem cara, mas a vida tem de ser mais, a vida tem de ter o mal, pra que na vida vital seja o que canta e encanta. O samba é filho da dor. O samba tem toda a cor.
E somos pretos. Pretos, pardos, brancos, amarelos e mais todas as cores que o arco íris tem. Isso é quase como estar no céu, não é?
Mas nós, ao contrário do deuses,
somos meros mortais. Mortais porque é certo (ou errado, eu já não sei) que a morte vem. Convenientemente se esquece que dentro de todo Deus, tem eu.
E eu, pequena e mãos trêmulas, convenço-me de que a vida e a morte são pedaços de nós. De fácil corte e grande porte. 

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