sexta-feira, 24 de abril de 2015

Poema problema

Se um dia o vento lhe soprar os ouvidos, ouve.

Se lhe instigar, voa.

Mas não feche as janelas 

fingindo que em nada afeta

Em todo rosto que cala,

o que fala é o oposto.


Em cada canto,

em cada sala

um misto de afeto e desgosto.

Preso entre o querer e o fazer,

estende-se além

dos dedos da mão,

do seio da mãe.


Não cubra o rosto,

não feche os olhos,

não dê as costas.

O que desagrada 

está em cada esquina,

o que tira o sono

a todo instante.

Não passa com o tempo,

não cala,

não cessa.


Mas, se preferir 

aumentar a ilusão

de que é assim que 

tem que ser,

talvez o seu peso dobre

talvez aumente o número de maços por dia

talvez adoeça

talvez enlouqueça...

Quem sabe até

vire um daqueles pobres coitados?


Só não se esqueça,

O vento tem que correr

O vento tem que voar

E a gente?

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