sábado, 21 de novembro de 2015

Sentença da descrença

Quando a noite já é quase manhã e a melancolia me impede de estar sã, o acaso me diz que é hora de voltar pra casa.
Cambaleio pela Praça da República. São prédios imensos em ruas inúmeras. Eu, pequena e falha, sinto-me sufocada. Há sempre homens de negócios em ternos eternos e mendigos jogados em busca de um trago.
Queria fazer mais que existir, ir além do último trem. Falta-me utopia, faltam-me ideais e assim eu não sou ninguém. 
Bêbada mas nunca em paz. Outra noite, outro rapaz... beijos de quem também não é inteiro, nada de mais.
"Posso te levar pra casa?" 
"Não, obrigada."
Depois nunca mais. Tanto faz.
Na porta de casa sei que não há lar.
Tiro os sapatos, encaro os retratos e torço pra dormir de uma vez.
Na manhã seguinte sei que virão mais escadas, mais estradas e ainda assim não chegarei a lugar algum.

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