domingo, 22 de setembro de 2013

Real o suficiente pra ser imaginário

Eu lembro de quando a gente se conheceu.
Estava lendo meu livro, toda nervosa pra saber o final, e começou a ventar muito, do nada. Eu gosto de quando venta, mas as páginas do meu livro começaram a dançar de um lado pro outro, como se rissem de mim e da minha ansiedade.
Corri pra fechar as janelas e, antes que eu terminasse, você, com um rosto incrivelmente simpático, me pediu "pra deixar uma frestinha aberta... Sabe como é, pro ar circular"
Não pude conter um sorriso largo.
Lembro também do dia em que recebi uma ligação desesperada às quatro da manhã. "Fiz merda, fiz merda".
Quando cheguei foi, novamente, impossível conter o riso. Você, com uma tesoura em mãos e olhos que gritavam por socorro. Havia cabelo por todo o chão e, antes que eu perguntasse qualquer coisa, você disse "Tentei ter um cabelo como o da Amelie Poulain ou do Julia Casablancas. Pareço um boneco de vudu". Antes que eu pudesse ajudar o despertador tocou.
E é só o que me lembro. Por isso ainda tenho dúvidas sobre você ter realmente existido ou não.
Minha cabeça já desenhou muitas coisas que os meus olhos nunca chegaram a ver.
Via o teu rosto de vez em quando, quando ouvia uma música um milhão de vezes e começava a criar novos significados pra ela enquanto ela me trazia diferentes sentimentos.
Talvez eu não faça questão da sua existência. Talvez não, eu não faço. Nunca foi amizade, nunca foi amor. Foram coisas pequeninas que fizeram meus dias felizes por pelo menos um segundo.
Com você eu aprendi que posso me fazer feliz. Mesmo que não me ame e não queira ser minha amiga. Mesmo que fale sozinha e que eu seja você. Mesmo que me sinta triste e que procure saídas de emergência. Mesmo que tente ter um fim, você não vai sem mim.

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